Publicado por G1: 04/11/2010 11h45Trazer um novo videogame ou acessório para o Brasil não é tarefa fácil e com o Kinect não foi diferente. Para que o acessório pudesse chegar ao Brasil no dia 18 de novembro, ele teve que passar por avaliações e estudos de preço, trabalho que levou alguns meses para a Microsoft.
Durante alguns meses, o G1 conversou com Guilherme Camargo, gerente de marketing para Xbox 360 da Microsoft Brasil, que trabalhou para trazer o acessório que capta os movimentos dos jogadores e os leva para dentro dos games, sem a necessidade de joystick, ao país.
Ele conta que o trabalho começou em fevereiro de 2010, quando os funcionários da Microsoft foram apresentados ao Kinect, que era conhecido com o Project Natal, em um evento oficial realizado nos Estados Unidos. “Recebemos informações técnicas e pudemos jogar os games”, conta. “Foi a grande coqueluche deste evento interno”.
Em maio passado começou o planejamento do lançamento brasileiro do Kinect. “Pensamos em Kinect, console e games. Pegamos toda a grade de lançamentos para o próximo ano fiscal e começamos a trabalhar em cima disso”, explica Camargo. É nesse período que começa a ser desenvolvido o plano de marketing e venda desses produtos, a divulgação com a imprensa, o quanto se vai gastar com este trabalho no Brasil. “Nesse período, também, já se sabe a meta de vendas dos aparelhos”. A Microsoft não revela número de vendas ou de metas.
Em junho de 2010 foi a E3, quando o Kinect foi apresentado oficialmente para a imprensa mundial. “Nesta época, começamos a contatar Alex Kipman [brasileiro que foi um dos criadores do Kinect] para que viesse ao Brasil para o lançamento”, afirma Camargo. Kipman veio para a coletiva de lançamento do acessório no país, realizada nesta quinta-feira (4) na cidade de São Paulo.
O passo seguinte foi trabalhar na produção das embalagens, algo que foi feito durante o mês de julho. “É necessário ver qual será a caixa do produto, revisar os textos em português, tudo é feito com bastante antecedência, algo em torno de três meses. Demorou um pouco mais no caso do Kinect porque o nome do aparelho foi muito bem guardado. Antes de o nome ter sido divulgado, estávamos trabalhando os textos da caixa e dos manuais como Project Natal”.
Em agosto, a Microsoft Brasil recebeu os primeiros kits de Kinect, que foram usados para um evento anual voltado para o varejo. “Lá, os principais parceiros puderam testar o acessório para ter a noção do portifólio para o final do ano”, conta o executivo. “A recepção foi a melhor possível”.
Como curiosidade, Camargo conta que, para este evento, os Kinects foram retirados na alfândega horas antes de serem apresentados aos clientes. “Tivemos que atualizar sistema momentos antes da apresentação no palco. Aprendemos a jogar e a fazer as configurações da máquina na hora, algo que deve ser feito dois, três dias antes do evento”.
Em agosto, a Microsoft Brasil começou a trabalhar no preço do Kinect no país, que foi lançado a R$ 600. “Para chegar ao valor das lojas, é necessário avaliar o valor que o produto é comprado na matriz [da Microsoft], como a remessa será enviada ao país [por avião ou navio, por exemplo], ver os valores dos impostos da Receita Oficial, o custo da operação, transporte, o valor da cotação do dólar, seguro... Tudo isso é muito trabalhoso”. Nesta época, foi definida a classificação do produto, o que permite que a Receita possa taxar o acessório.
Ainda em agosto, começou a negociação com o varejo, para distribuir os Kinects para as lojas. “A procura foi maior do que se esperava e a demanda foi maior do que a oferta”. Mas, Camargo conta que, para o lançamento oficial do aparelho, por ter sido no dia 18 de novembro, 15 dias após o lançamento oficial nos EUA, conseguiu negociar com as lojas para abastecer com Kinects. “Em até dois meses conseguiremos oferecer a quantidade necessária para atender a demanda”.
Em setembro, a Microsoft começou a trabalhar em materiais para divulgar o Kinect nas lojas. “Passamos o material para nossa agência de publicidade para produzir cartazes com os textos aprovados pela matriz”.
Um mês antes do lançamento, ainda sem poder divulgar o preço oficial, a reportagem perguntou à Guilherme Camargo qual seria a recepção do público com o preço do Kinect. “O acessório com o seu valor está de acordo com a realidade brasileira. Ninguém espera o mesmo preço que nos EUA [US$ 150] por conta do valor do dólar. Teremos um preço bom. Sempre fomos agressivos na parte de preço e ainda teremos garantia de um ano”.
Em outubro, começou a divulgação oficial do Kinect no Brasil. A GM utilizou o aparelho em seu estande no Salão do Automóvel de São Paulo e o Burger King realiza uma promoção mundial. Começamos a trabalhar em Facebook e Twitter”, diz Camargo. As importações do Kinect começaram a partir da segunda quinzena de outubro.
No final de outubro, data da última conversa com Guilherme Camargo, ele falou mais sobre a quantidade de Kinects enviados às lojas. “Muitos revendedores em todo o mundo, segundo o executivo, não ficaram satisfeitos com a quantidade de Kinects enviadas às lojas. Por lançarmos o Kinect, alguns dias depois da data oficial, conseguiremos repor com maior facilidade”, disse. “É uma negociação dura, mas tentamos ser justos”.
Para o Kinect chegar ao Brasil, ele teve que ser avaliado pela Anatel, para ver se o aparelho está de acordo com as normas brasileiras, e seus jogos tiveram que ser analisados pelo Ministério da Justiça que criou a classificação indicativa.
Poucos dias antes da apresentação oficial para a imprensa, a Microsoft Brasil ainda trabalhava para trazer o acessório e os jogos ao país. “Não é um lançamento que todos conhecem, é um aparelho de tecnologia que, ao ser apresentado, tem que funcionar”.
Fonte: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2010/11/conheca-os-bastidores-do-lancamento-do-kinect-no-brasil.html
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